Liderança máxima do PMDB na Bahia, Geddel Vieira Lima age para afastar o PSDB do deputado federal ACM Neto, lançado pelo DEM, nesta segunda (23), como candidato à prefeitura de Salvador.
Embora disponha de candidato próprio, o radialista Mário Kertész, o PMDB de Geddel ameaça apoiar o tucano Antonio Imbassahy, que se opõe à aliança do PSDB com o DEM.
Geddel disse ao blog: se as conveniências indicarem que o apoio a Imbassahy é a melhor forma de se contrapor ao PT do governador Jaques Wagner, “não teremos nenhum constrangimento” de acomodar o PMDB numa coligação com o PSDB.
Na opinião da tribo do DEM, Geddel não fala sério. Recorda-se que ele refugou oferta que seria muito mais vantajosa para o PMDB. Em troca do apoio a ACM Neto em Salvador, o DEM fecharia aliança com Gabriel Chalita, o candidato do vice-presidente Michel Temer à prefeitura de São Paulo.
Geddel comenta: “Não é da nossa responsabilidade agregar nada a Chalita. Ou será responsabilidade dele fazer o jogo de conveniência do PMDB baiano? Claro que não.” Quer dizer: para Geddel, Salvador nada tem a ver com São Paulo.
Inicialmente, PMDB, DEM e PSDB pretendiam levar ao ringue da capital baiana um candidato que unificasse as três legendas. O plano fez água. A formalização da candidatura de ACM Neto expôs as trincas.
Na sexta-feira (20), o candidato a prefeito do PT, deputado Nelson Pelegrino, celebrou o dissenso dos rivais no Twitter: “Não haverá unidade da oposição em Salvador. Não há acordo 2012 e 2014. PMDB não pode apoiar candidato de oposição a Dilma.”
No sábado (21), Geddel respondeu a Pelegrino, também via Twitter: “Tá enganado, Nelsinho, podemos apoiar quem quiser, inclusive candidato de oposição a Dilma”. Nesta segunda (23), o candidato de Jaques Wagner voltou à carga em entrevista a uma emissora de rádio de Salvador.
Escorando-se no Datafolha que atribuiu a Dilma recorde de popularidade, Pelegrino declarou: “Com a presidente liderando as pesquisas de popularidade, você acha que o PMDB vai cometer a insanidade de subir em um palanque de oposição?” E Geddel, no Twitter: “Subimos no primeiro, no segundo e no terceiro. Respondido, Pelegrino?”
Há quatro dias, reuniu-se a executiva estadual do PSDB da Bahia. Aprovou-se um documento com dois tópicos. No primeiro, anotou-se que estão mantidas “as tratativas com o PMDB” de Geddel.
No segundo, recomendou-se ao diretório tucano da cidade de Salvador que crie as “condições para evitar candidaturas concorrentes entre o PSDB e o DEM.” Deve-se esse segundo trecho ao deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA).
Amigo de José Serra, Jutahy tenta criar as “condições” para que Imbassahy seja retirado de cena e o PSDB não vire um estorvo para ACM Neto. Em troca, o DEM fecharia com a candidatura de Serra à prefeitura de São Paulo.
O problema é que, ao acenar com o apoio a Imbassahy, Geddel acomoda nas costas do tucano as asas da mosca azul. Contrário à troca de Salvador por São Paulo, Imbassahy passa a esgrimir a tese de que, somando-se o tempo de tevê do PMDB ao do PSDB, sua candidatura torna-se viável.
Assim, ainda que Geddel não esteja falando sério, como dizem as lideranças do DEM, o simples aceno que ele lança na direção de Imbassahy injeta veneno nas relações do PSDB baiano com a turma de ACM Neto.
Resta saber se o PSDB federal possui um antídoto capaz de impedir que a intoxicação atrapalhe os planos de Serra.
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