terça-feira, 29 de julho de 2008

Imagem de Lula não será exclusiva para Pinheiro

Biaggio Talento e Regina Bochicchio, do A Tarde

O governador Jaques Wagner confirmou nesta terça-feira, 29, no Largo da Ribeira, que seu candidato à Prefeitura de Salvador, o deputado Walter Pinheiro (PT), não vai poder mesmo ter a exclusividade de usar a imagem do principal cabo eleitoral da eleição de 2008, o presidente da República, na campanha da capital baiana, conforme foi definido na segunda-feira, 28, por Lula em uma reunião com seus ministros.

Embora represente uma baixa para a candidatura petista – cujo presidente estadual, Jonas Paulo, defendia a exclusividade da “marca” Lula para Pinheiro –, Wagner disse ser “absolutamente natural” a decisão do presidente. “A diferença se fará entre os candidatos que tenham a simpatia do presidente, aquele que vai apresentar a melhor proposta”, avaliou o governador, confirmando também que não pretende subir nos palanques dos três nomes que são seus aliados em Salvador, Pinheiro, o prefeito João Henrique Carneiro (PMDB) e Antônio Imbassahy (PSDB). “Não é possível subir em três palanques, pois isso vai confundir. Está clara a minha posição, tenho três candidatos de partidos que estão na minha base, e o candidato mais próximo a mim chama-se Walter Pinheiro, por toda a história de construção que a gente vem caminhado”, declarou.

Segundo Wagner, nas conversas que teve com Lula durante sua estada na Bahia, o próprio presidente não manifestou preferência por um candidato na eleição de prefeito de Salvador. “O presidente tem uma posição muito clara; as pessoas que estão dentro da base dele e, portanto, as candidaturas do PT, evidentemente, e a do PMDB, são candidaturas que estão na esfera da simpatia dele”. Por essa razão, Lula “não fez nenhum destaque” a um dos nomes especificamente. Nessa polêmica, o grande vitorioso é o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, que desde o início defendeu com ardor a vinculação do nome e da imagem de Lula à da administração e candidatura do seu pupilo João Henrique Carneiro.

PINHEIRO – O petista Walter Pinheiro foi o único candidato à sucessão municipal em Salvador que ousou fazer campanha no arredor do local onde acontecia evento com o presidente Lula e o governador Jaques Wagner, no final da tarde desta terça-feira, na Ribeira, quando foi anunciada a criação do Ministério da Pesca e lançado o Plano de Desenvolvimento Sustentável para a Pesca (2008/2011).

A propaganda de Pinheiro estava bem visível. Como o espaço entre a rua e o evento foi separado apenas com algumas grades de ferro, com mais ou menos um metro de altura, todos os que estavam participando do ato, principalmente no palco, podiam ver os imensos balões vermelhos com a inscrição “Wagner é Pinheiro”, além de bandeiras e distribuição de panfletos.

Num dos materiais impressos distribuídos, Pinheiro promete a criação da Superintendência da Pesca, em âmbito municipal: “Os pescadores e marisqueiras contam com o compromisso de Pinheiro e o apoio do presidente Lula e do governador Wagner. Com essa parceria, a pesca vai gerar muito mais empregos e renda para nossa gente”. Na manhã desta segunda-feira, ele também distribuiu material com a mesma promessa no subúrbio ferroviário, área da cidade que concentra as marisqueiras, que também devem ser beneficiadas no programa de desenvolvimento sustentável para a pesca.

ESTRATÉGIA – O limite entre o dentro e o fora do evento era tênue, e, questionado, um coordenador de campanha de Pinheiro, presente no local, Jutaí Morais, disse que não estava descumprindo a lei, visto que ali era via pública, fora do local onde ocorria o encontro de Lula e Wagner, entre outras autoridades. O candidato não estava presente e, mesmo com todo o rigor da lei eleitoral, a ação de campanha não infringiu as regras, segundo o advogado Augusto Aras, especialista na área. Além de Pinheiro, somente o pessoal de uma candidata à vereança, Lidinete Pereira, fez campanha no local.

Com essa ação de defesa da pesca, o petista, que aparece em quarta colocação nas pesquisas de intenção de voto para Prefeitura de Salvador – 7% no Datafolha e 8% na Vox Populi –, tenta arrematar votos em toda a costa soteropolitana, focando as colônias de pesca, que se estendem do bairro de Paripe até Itapuã, além da Ilha de Maré