terça-feira, 27 de novembro de 2012

Juiz determina retorno de crianças após adoções irregulares na Bahia (Postado por Lucas Pinheiro)

 O juiz Luiz Roberto Cappio, de Monte Santo (BA), determinou nesta terça-feira (27) que as cinco crianças baianas que foram entregues para adoção a famílias paulistas voltem a viver com os pais biológicos.

Segundo o juiz, o processo de adoção das crianças ocorreu em meio a diversas irregularidades. O caso foi denunciado no programa Fantástico no mês de outubro.

O juiz Roberto Cappio determinou que as crianças sejam retiradas das famílias adotivas e sejam levadas para um espaço de acolhimento provisório, onde recebam acompanhamento de psicólogos para que possam se readaptar ao convívio com os pais biológicos, que também irão para esse espaço.

A readaptação do convívio deve durar, no mínimo, 15 dias, conforme a determinação. Depois, as crianças retornam para a cidade de Monte Santo, no sertão baiano, de onde foram levadas.

O casal Silvânia e Gerôncio, pais das crianças, contaram que elas foram retiradas de casa em junho de 2011, pela polícia, após ordem do juiz Vítor Manoel Xavier Bizerra, que na época atuava em Monte Santo. Dos cinco filhos do casal, dois mais velhos foram levados para Campinas. Os outros foram para Indaiatuba, cidade vizinha.

 Incêndio
A casa em que dormia o pai das cinco crianças adotadas ilegalmente na cidade de Monte Santo foi incendiada na quarta-feira (21). A polícia investiga se a causa das chamas foi criminosa.

“Segundo informações, foi na casa de um primo do pai, em que ele pernoitava na maioria dos dias da semana. Precisa [a polícia] saber se o incêndio foi criminoso ou não. Pode ter havido represália em razão das instituições públicas estarem prestando apoio a ele e a família dele, e isso vai de encontro a muitos interesses contrários locais. Mas, também pode não ser nada. Pode ter sido um acidente", explicou o magistrado Roberto Cappio.

 De acordo com o delegado de Monte Santo, Elysio Ramos, que apura o caso, ninguém estava na casa no momento do incêndio.

Revogação da guarda
O Ministério Público do Estado da Bahia protocolou, na segunda-feira (19), um requerimento solicitando a revogação das guardas provisórias das cinco crianças adotadas ilegalmente. De acordo com o documento, que foi direcionado ao juiz pelo promotor de Justiça Luciano Taques Ghignone, a solicitação é que seja promovida a aproximação prévia das crianças com a mãe biológica em um ambiente apropriado na cidade de Poá, interior de São Paulo. O local escolhido é uma sugestão da Secretaria Nacional de Direitos Humanos.

Pensado conjuntamente pelo Ministério Público e pelo Juíz de Direito, foi entendido que o retorno imediato sem acompanhamento das crianças não é recomendável para não afetar o estado psicológico das crianças. Elas deverão passar por um estágio de readaptação com a mãe, sob supervisão de profissionais da área da infância e juventude, de modo a evitar qualquer impacto psicológico.

CPI do Tráfico de Pessoas
O juiz Vitor Bizerra, suspeito de entregar para a adoção cinco filhos de um casal de Monte Santo, disse na CPI do tráfico de pessoas que sua decisão foi baseada em relatórios do Conselho Tutelar e do Ministério Público.

“Conselho Tutelar encampou uma coisa que já partiu dos vizinhos. A comunidade monte-santense já sabia disso. Seu Gerôncio é alcoólatra e a genitora também fazia uso de bebidas alcoólicas. Segundo ouvi dizer, também se prostituía, fazendo ponto na boate”, afirmou Bizerra aos parlamentares, em Brasília. O Conselho Tutelar declarou que nunca indicou ou sugeriu a entrega dos filhos de Silvânia e Gerôncio para adoção. Moradores de Monte Santo contaram que as crianças eram bem tratadas e negaram as acusações de prostituição à mãe.

Na CPI, Bizerra afirmou ao deputado Severino Ninho (PSB/PE) que nunca se opôs a dar entrevistas sobre o assunto. “Eu estou resolvendo algumas coisas, não estou disponível pra conversar agora”. Na CPI, o juiz afirmou que estaria sendo injustamente acusado. “Por que a figura que é exposta é a do juiz? Por que a do juiz e não a outra pessoa que é colocada como investigada?”, perguntou Bizerra aos deputados responsáveis pelo inquérito.

“Eu não tenho dúvida de que há uma organização criminosa por trás disso. Já pedimos inclusive a prisão preventiva coercitiva dessa Carmen ao juiz”, declarou o deputado federal Arnaldo Jordy (PPS/PA).

A “outra pessoa” é Carmen Topschall, que aparece como intermediária em todos os processos suspeitos de adoção na região de Monte Santo. Ela foi ouvida na CPI no dia 13 de novembro. Ela chegou à CPI acompanhada de dois advogados e com um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal e, por isso, se recusou a responder a maioria das perguntas.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Notícias da Bahia

A grita mais recente sobre o fim dos jornais começou com a decisão do "Times-Picayune", de Nova Orleans, de sair só três dias por semana. Anunciou-se então, no "New York Times" em especial, que os jornais regionais estavam fadados a desaparecer nos Estados Unidos, tragados pela queda na publicidade que havia se acelerado com a crise financeira de 2008.
Isso foi em junho. Mais alguns meses e foram fechados por aqui "Jornal da Tarde" e "Diário do Povo", títulos paulistas tradicionais, ainda que esvaziados há tempos e de circulação inexpressiva. A histeria chegou então ao Brasil. Mas a justificativa usada nos EUA, de crise nos jornais regionais, não cabe. Que o diga a imprensa baiana, que vive uma pequena revolução desde, precisamente, 2008.
Um ano antes, ACM morreu e seu braço impresso, o "Correio da Bahia", que havia fundado no final da década de 70, perdeu serventia e viabilidade. Defensor dos interesses do ex-governador, dependia sobretudo da publicidade encaminhada por seu grupo, quando no poder, o que não era mais o caso. Ele não passava então de nove mil exemplares diários.
Os herdeiros, representados por ACM Jr. e Luís Eduardo Magalhães Filho, entre fechar, vender ou profissionalizar, arriscaram a terceira. Contrataram a consultoria londrina de Juan Giner, ex-Universidade de Navarra, e mudaram gestão, formato, projeto gráfico e editorial, até o nome, agora só "Correio". Foi às bancas em agosto de 2008, três semanas antes da quebra do Lehman Brothers.
Somados, todos os jornais de Salvador, terceira cidade em população no Brasil, não chegavam então à circulação de "A Gazeta", de Vitória, Espírito Santo, ou do "Jornal do Commercio", de Recife, Pernambuco. Com as mudanças que introduziu e com a demanda da nova classe média, o "Correio" saltou para o primeiro lugar na cidade e no Nordeste inteiro.
Também "A Tarde" começou a reagir à concorrência, sendo hoje o segundo em circulação na região, além de ter lançado em 2010 um novo título, mais barato. Os três, inclusive no preço de capa, compõem hoje em Salvador as três categorias clássicas de jornais: "Massa", o mais popular ou "red top"; "Correio", o intermediário, como o londrino "Daily Mail" ou o "Agora"; e "A Tarde", o mais tradicional --e caro.
"Hoje os jornais refletem a importância do mercado que é Salvador e que é a Bahia", afirma o diretor de Redação do "Correio", Sergio Costa. "O mercado de jornais aqui, como um todo, está efervescente. A guerra aqui está divertida."
Ele se refere às mudanças de "A Tarde", que passa por "processo parecido" de profissionalização e, há três meses, contratou executivos para as áreas de administração e comercial e para a Redação. Coincidindo com os cem anos do jornal, em outubro, a reforma enfrenta problemas que vão da dívida financeira à credibilidade do noticiário e até aos efeitos de um ataque hacker no início do ano.
Em relação ao "Correio", "A Tarde" sempre teve a vantagem de ser independente, o que permite seguir com cobertura política ampla e crítica. Seu concorrente, hoje líder com mais de 60 mil exemplares por dia, contra cerca de 50 mil, aguarda com apreensão a volta de um ACM ao poder --o prefeito eleito, neto do ex-governador-- e mantém a cobertura política no mínimo possível.
Mas os políticos são também reflexo dessa Bahia efervescente. "O governador Jaques Vagner tem outras aspirações, nacionais, e até fala em 2018", diz Vaguinaldo Marinheiro, diretor de Redação de "A Tarde". "ACM Neto também tem pretensões outras. Apesar de estar fora do eixo, a Bahia é curiosa. É a terceira maior cidade, a indústria cultural é muito forte, a própria identidade baiana é forte."
Tanto Marinheiro como Costa relatam avanços também na publicidade e na audiência on-line. Os dois jornais mantêm o acesso "totalmente livre", sem "paywall" (muro de pagamento) e sem aplicativos pagos, por enquanto. "A gente acredita que se deva cobrar por jornalismo de qualidade, mas o momento aqui é de inclusão dos consumidores de informação", diz Costa.
O presidente do Conselho de "A Tarde", Renato Simões, defende as mudanças, a começar da profissionalização, mas trata de ser cauteloso quanto aos resultados. "Nessa tormenta que estamos vivendo, da internet, a gente está tentando respirar, mas ainda com o nariz debaixo d'água. Vamos ver se a gente levanta a cabeça."
Arquivo PessoalNelson de Sá cobre mídia para a Folha. No jornal, entre outras funções, foi editorialista, correspondente em NY, crítico de teatro e editor da Ilustrada. Por duas décadas, publicou as colunas diárias "Toda Mídia" e "No Ar". Em livro, publicou as coletâneas "Diário da Corte" (Três Estrelas), com textos de Paulo Francis, e "Divers/idade" (Hucitec), com seus textos de teatro. Assina também o blog Cacilda, com a fotógrafa Lenise Pinheiro (cacilda.blogfolha.uol.com.br)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Prefeitos da BA debatem crise em resort chique

                                                                                                                           



Unidos por uma mesma preocupação –a penúria dos cofre municipais— 356 prefeitos baianos reuniram para compartilhar inquietações. Foram debater a crise na aprazível praia de Guarajuba, na cidade baiana de Camaçari. Hospedaram-se no elegante resort de Vila Galé, onde a diária pode sair por R$ 1.200.
Coube à União dos Municípios da Bahia organizar o evento, ocorrido entre os dias 9 e 11 de novembro. Chama-se Luiz Caetano o presidente da entidade. Filiado ao PT, ele governa Camaçari há oito anos. Tomado pelos gestos, o companheiro Caetano é imprevidente. Tomado pelas palavras, é um vidente.
Como que antevendo as incompreensões, Caetano injetou numa de suas palestras um alerta: “Se alguém vier falar que estamos fazendo farra, saiba que esse evento foi todo bancado por diversas empresas. Ninguém aqui está pagando nada.” Caetano falou depois do almoço. Retardou o contato com o microfone por 40 minutos. Ainda assim, falou para um auditório semi-ermo.
No oficial, o encontro de Camaçari custou R$ 450 mil. Os organizadores informam que a hospedaria concedeu descontos. A coisa foi bancada por 18 logomarcas. A lista inclui os governos estadual e federal. Do setor privado, foram mordidos um banco, uma cervejaria e escritórios de contabilidade que têm nas prefeituras uma clientela promissora.
No esforço para encher o auditório, o anfitrião Caetano fez ginástica verbal: “Sei que na campanha o prefeito não teve tempo de namorar a esposa, que todo mundo quer descansar, mas vale conferir mais essa palestra. Afinal, estamos felizes. Todo mundo ganhou!” Não é difícil intuir quem perdeu.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Morre homem obeso que foi resgatado por guincho na Bahia (Postado por Lucas Pinheiro)

 Morreu na madrugada desta quinta-feira (15), em Salvador, Wellington Cortes Conceição, de 33 anos. Ele tinha obesidade mórbida e precisou ser resgatado de dentro de casa com auxílio de um guincho na sexta-feira (9), na cidade de Amélia Rodrigues, a cerca de 80 km de Salvador. Segundo a irmã Débora Cortes Souza, Wellngton foi transferido para a UTI do Hospital Roberto Santos na manhã de quarta-feira (14) e o quadro de saúde dele se complicou.

Na tarde de terça-feira (13), o paciente  tinha sido transferido do Hospital Geral do Estado (HGE) para o Hospital Geral Roberto Santos, também na capital baiana. Segundo a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), ele receberia tratamento contra obesidade.

Entenda o caso
O rapaz foi hospitalizado na sexta-feira após sofrer uma entorse na perna, decorrente de uma queda no banheiro de casa. Após o atendimento no HGE, familiares demonstraram o interesse de que Wellington iniciasse um tratamento específico contra a obesidade.

 Uma amiga da família, Valdete Alves da Paixão, contou que devido à dificuldade de locomoção, Wellington passava o tempo todo dentro de casa, em Amélia Rodrigues.

Acidente
Solange Santos, esposa de Wellington, informou que após a queda, ela conseguiu tirar o marido do banheiro com ajuda de outras pessoas, mas não foi possível tirá-lo de casa para uma unidade de saúde devido à dificuldade de locomoção. A família acionou o Corpo de Bombeiros local e um guincho para que fosse possível fazer o resgate de Wellington, que durou quatro horas e meia.

Cerca de dez pessoas auxiliaram o trabalho de retirada do morador e uma parede precisou ser derrubada. Uma ambulância da concessionária Via Bahia foi cedida para transportar o paciente até o HGE.

No HGE, oito homens participaram da remoção do paciente da ambulância para uma maca.