ESTIAGEM: Sobradinho vai diminuir a vazão
Maior reservatório do Nordeste, a iniciativa foi adotada para que o lago chegue com 5% da sua capacidade em dezembro
Publicado em 06/06/2015, às 09h00
Do JC Online
Reservatório de Sobradinho vai diminuir a vazão para chegar a novembro com 5% da sua capacidade, como ocorreu em 2001
Arnaldo Carvalho/JC Imagem
Maior reservatório do Nordeste, Sobradinho está
agonizando. A vazão do lago só faz diminuir, liberando menos água. Na
próxima semana, a vazão vai passar de 1.000 metros cúbicos por segundo
para 950. Na semana seguinte, 900 metros cúbicos por segundo. “Estamos
fazendo uma preservação hídrica para não acabar a água de Sobradinho. É o
volume mais baixo e o pior de todo o histórico desde 79/80”, resume o
diretor de Operações da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
(Chesf), Mozart Arnaud. E, com a redução da vazão, o lago deve chegar ao
fim do período seco, em novembro, com 5% da sua capacidade de
armazenamento, percentual registrado em 2001, quando houve o
racionamento de energia. Sobradinho pode armazenar 60% da água a ser
usada na geração de energia da Região. Atualmente, o lago está com 21,2%
da sua capacidade, contra os 27,7% registrados nesse mesmo período em
2001.
“Não há risco de faltar energia porque existem outras fontes, como as
térmicas e as eólicas. O problema hoje é a água”, diz Arnaud. O cenário
também é diferente de 2001 porque há mais linhas de transmissões para
“importar” energia.
A vazão de Sobradinho vem diminuindo desde abril de 2013, quando
passou a ser menor do que 1,3 mil metros cúbicos por segundo, a vazão
ambientalmente correta. A pouca água fez a geração de energia ter um
papel secundário. As hidrelétricas movidas pela água de Sobradinho podem
produzir 1.050 megawatts (MW) médios e estão gerando, em média, 213 MW
médios.
De Sobradinho saem canais que vão para os os perímetros do polo de
fruticultura irrigada de Petrolina-Juazeiro. “As empresas estão se
adaptando e fazendo novos pontos de captação. No entanto, os produtores
dos perímetros irrigados vão depender de uma nova estação de bombeamento
para terem água”, explica o presidente da Associação dos Produtores do
Vale do São Francisco (Valexport), José Gualberto. Existem pelo menos 10
mil agricultores nessa situação. O equipamento que vai captar a água
num nível mais baixo custará R$ 38 milhões e será licitado pela Codevasf
no segundo semestre deste ano.